domingo, 24 de janeiro de 2010

Luzes da Cidade


Luzes da Cidade (City Lights) - 1931
Estados Unidos
Direção: Charlie Chaplin
Elenco: Charlie Chaplin, Virginia Cherril, Florence Lee, Harry Myers.

Não existe uma pessoa no mundo, que pelo menos goste de assistir filmes, que não tenha ouvido falar de Charlie Chaplin; um dos maiores ícones do cinema e da comédia. Seus filmes se mantém uma referência até hoje. Sua maneira de andar, as frequentes brincadeiras com comida, confusões com a polícia e muitos outros fatores ainda inspiram diretores e atores do mundo inteiro.
Luzes da Cidade foi uma insistência de Chaplin de fazer um filme mudo, quando o cinema já vinha apresentando a fala. O que poderia ser um fracasso e causar desinteresse nos espectadores foi uma "surpresa": Luzes da Cidade foi um sucesso de bilheteria. O que mais uma vez prova o respeito que seus filmes alcançaram.
Dessa vez, Chaplin é um vagabundo que conhece um milionário ao tentar impedi-lo de cometer suicídio. Os dois acabam tornando-se amigos, apesar das inconstâncias do milionário. Mas a trama começa realmente quando ele encontra uma florista cega e acaba se apaixonando por ela. Para impressionar a moça, finge ser rico e faz tudo o que pode (e o que não pode) para ajudá-la a enfrentar certos problemas. Dentre as várias aventuras do vagabundo, está a clássica cena da luta de boxe protagonizada por ele e Hank Mann.
Luzes da Cidade consta em diversas listas dos melhores filmes de todos os tempos e é referência quando fala-se do trabalho de Charlie Chaplin. Mas depois de assistir O Grande Ditador, Tempos Modernos e Em Busca do Ouro, Luzes da Cidade deixa um pouco a desejar por se tratar "apenas" de um romance com os trejeitos de Chaplin. Parece que fica faltando um contexto histórico, uma crítica à sociedade ou algo do tipo. Mas não se pode negar que apesar de tudo, este filme mudo consquistou, mais uma vez, a platéia em meio ao cinema falado.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

1900

1900 (Novecento)- 1976
França, Itália e Alemanha Ocidental
Direção: Bernardo Bertolucci
Elenco: Robert De Niro, Gérard Depardieu, Dominique Sanda, Donald Sutherland.

Bernardo Bertolucci já é um cineasta respeitado ao fazer 1900. Quatro anos antes, realizou sua obra prima: O Último Tango em Paris. Mas, como muitos cineastas, desde o começo de sua carreira, o diretor já trabalhava com um grande nome do cinema: Paolo Pasolini (Acattone), sendo seu assitente de direção.
A partir daí começou a aplicar em seus filmes temáticas bastante diferenciadas: romances, dramas políticos, suspenses... Seu segundo filme, "Antes da Revolução", finalmente revelou seu talento no mundo do cinema. Em seguida vieram clássicos como: O Conformista, O Último Tango em Paris, O Último Imperador etc.
Mas foi no filme 1900 que ele colocou todas as suas idéias políticas no papel e contou 45 anos de história na Itália. O filme engloba os anos de 1900 até 1945. Toda a trama é contada a partir da relação de duas famílias: a de um grande latifundiário (Burt Lancaster) e de seu empregado (Sterling Hayden). Os dois recebem a notícia da chegada do neto no mesmo dia; Robert De Niro e Gérard Depardieu, respectivamente. Com o passar dos anos, ambos têm suas vidas modificadas com o destino da primeira guerra mundial, do regime fascista, perda de familiares, exploração dos camponeses, crises econômicas... com uma amizade dividida entre amor e ódio, eles convivem durante todos esses anos, praticamente, juntos. Para entender o filme, é preciso ter, no mínimo, uma noção de tudo que aconteceu nesses anos na Itália.
1900 é um filme que já impressiona pela duração: são 5 horas de filme. Entretanto, a história acaba por envolver tanto o espectador que todo esse tempo acaba passando suavemente. Talvez seja um dos filmes mais cruéis já feitos. O personagem de Donald Sutherland, Attilla, é uma pessoa sem escrúpulos e brutal. Talvez metade da crueldade da obra seja por sua conta. O filme mostra sempre os camponeses submissos ao seu patrão, tendo que trabalhar em qualquer condição e a qualquer custo para sustentar a família. Ou seja, em nenhum momento a situação se reverte; só o que se vê é exploração atrás de exploração, mesmo quando a propriedade passa do avô, para o pai e depois para o neto. Um retrato fiel do que acontecia na Itália destes 45 anos de conflitos.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O Dorminhoco


O Dorminhoco (The Sleeper) - 1973
Woody Allen

Woody Allen é um dos diretores mais respeitados da atualidade. E não é por acaso. Um simples comediante de stand up comedy acabou se tornando um diretor brilhante que aborda temas bastante atuais e específicos. Durante toda sua carreira foi diretor de mais de 40 filmes, entre eles dramas, inúmeras comédias, filmes de época, suspenses e outros gêneros.
Em O Dorminhoco, Woody já começa tratando de uma temática científica: Miles Monroe (Woody Allen) ficou congelado por 200 anos e acorda em73 e já tem a missão de derrubar o governo da época. Como na maioria dos filmes de Woody, seu personagem é um ser confuso, que acha que teve o maior azar do mundo; "I can't believe this!" deveria ser considerado um jargão desse diretor/ator. Junto com Diane Keaton, que foi sua parceira na ficção e realidade; e que realizaria dezenas de filmes junto com ele, é a mocinha de sua aventura.
Com certeza, O Dorminhoco, foi um filme que Woody Allen teve a oportunidade de se aperfeiçoar e perceber as mudanças que faria daí pra frente. Comparando com seus outros filmes, O Dorminhoco é uma obra fraca, algumas vezes até entediante. Vale a pena ser conferida para perceber como o diretor consegue progredir em tão pouco tempo e fazer, logo após, filmes como "A Última Noite de Bóris Grushenko" e "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa". O que deixa o filme com a sensação de "deixar a desejar" é que conseguiu ser inferior ao filme "Bananas" (1969), que mesmo com a proposta de sketchs (pequenas sequencias de piadas), acaba sendo bem mais interessante e engraçado que "O Dorminhoco".




sábado, 12 de setembro de 2009

Noir de Billy Wilder

Pacto de Sangue (Double Indemnity) - 1944
Billy Wilder

Billy Wilder é um diretor de muitas faces. Contribuiu para o cinema com comédias, suspenses, dramas, filmes noir etc. Muito versátil e aclamado por vários filmes, de diferentes gêneros. Formado em jornalismo, trabalhava para um grande jornal de Berlim quando começou a carreira como roteirista em 1929. Mudou-se para os Estados Unidos e lá recebeu ajuda de Peter Lorre para entrar de vez no mundo do cinema. Desde então muitos dos seus filmes se tornaram clássicos, como: Quando Mais Quente Melhor, Crepúsculo dos Deuses, Pacto de Sangue, Se Meu Apartamento Falasse etc.

Pacto de Sangue é um de seus mais aclamados filmes, tanto pela crítica, como pelo público. Chega até mesmo a ser considerado como o melhor filme noir de todos os tempos. Recebeu 7 indicações ao Oscar, incluindo melhor filme.
Walter Neff e Phyllis Dietrichson se envolvem durante uma visita de trabalho feita por ele, para renovar uma apólice de seguros. Com o passar do tempo, Neff descobre que Phyllis planeja matar o seu marido e ficar com seu seguro de vida. Os dois se juntam no plano, acreditando que tudo dará certo. O filme todo é narrado por Neff em flash backs.

Neste filme, Wilder conserva as características que os tornaram tão respeitado. Suas tramas são agéis, envolventes e com ótimas atuações. Apesar do filme ter sido indicado também ao Oscar de melhor atriz para Barbara Stanwyck, a atuação de Edward G. Robinson como outro agente de seguros é brilhante. Convincente e seguro de si, o personagem chama o espectador a envolver-se junto a ele na solução do caso Dietrichson. É um noir respeitável, mas existem outros acima deste, apesar de muitos críticos não concordarem. Um exemplo é Assassinos de Robert Siodmak, um filme cheio de reviravoltas, em que o papel de mocinho e vilão se confudem a todo momento.

Pacto de Sangue é um filme muito importante para o cinema. Seja pela consagração definitiva de Billy Wilder como um grande cineasta, seja pela classificação deste filme do maior noir de todos os tempos.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Do Mundo Nada Se Leva


Do Mundo Nada Se Leva - You Can't Take It With You

EUA (1938)

Frank Capra

Do Mundo Nada Se Leva é um dos filmes bastante característicos do diretor Frank Capra, considerados por muitos, como um de seus melhores filmes, ao lado de A Felicidade Não Se Compra (1946).

Tony Kirby (James Stewart) é filho de Anthony Kirby (Edward Arnold), um rico empresário que pretende expandir seus negócios, comprando uma grande área no subúrbio de Nova York. O grande problema se encontra no fato de que apenas uma família se rejeita a vender a casa, que é justamente da namorada de Tony, Alice Sycamore (Jean Arthur). A partir daí, os dois precisam saber lidar com diversas situações para conseguir ficar juntos.

Do Mundo Nada Se Leva carrega uma das principais características de Frank Capra: o modo positivo de analisar a vida. Capra, que é considerado um dos cineastas mais importantes da história do cinema, leva seus filmes com uma leveza e sutileza bastante peculiares. A maioria de seus filmes tenta passar uma mensagem positiva ao público. Tentando fazer com que haja uma reflexão sobre suas prioridades, modo de ver a vida, relações etc. Quem chama atenção para isso em Do Mundo Nada Se Leva é o Vovô Martin Vanderhof: o principal opositor à venda da casa à família Kirby.

Por este filme, o diretor recebeu 5 indicações ao Oscar: nas categorias de Melhor Atriz Coadjuvante (Spring Byington), Melhor Fotografia, Melhor Edição, Melhor Som, Melhor Roteiro, Melhor Filme e Melhor Direção. Mas levou 2, que são os mais cobiçados da premiação: Melhor Filme e Melhor Direção.

Com certeza, esta é uma obra prima do cinema. Um filme atual (em nenhum aspecto parecer ter 71 anos), bem trabalhado, de fácil compreensão, engraçado (uma comédia única, de um diretor que sabe como transformar as mazelas do ser humano em risadas, sem ser forçado ou piegas) e que transmite uma mensagem belíssima ao espectador, seja jovem, adulto ou idoso.

terça-feira, 7 de julho de 2009

O Nacimento De Uma Nação

O Nascimento De Uma Nação (The Birth Of A Nation)
D. W. Griffith

Não tenho nenhum problema em assistir filmes mudos e/ou preto e branco, mas confesso que "O Nascimento De Uma Nação" foi um desafio. Além de ser mudo e p&b, tem mais de 3 horas de duração. E pode-se dizer que são 3 horas muito bem representadas.
Muitos filmes coloridos e falados me deixaram com um tédio incrível, o que não aconteceu com esse. De fato, é um filme tenso, que assusta mesmo depois de mais de 90 anos de produzido.
Ao longo do filme, tentava buscar uma comparação com algum filme atual. E cheguei à esta: O Nascimento De Uma Nação, pra mim, é como se fosse Apocalypse Now do cinema moderno. Não que o roteiro seja parecido ou a temática, mas a aflição, o medo, a tensão que o filme causa.
The Birth Of A Nation foi considerado um filme altamente racista: aponta o negro como a causa de muitos problemas na época da reconstrução americana apóa a guerra civil. E claro, o branco como mocinho e herói da história. Ou melhor, a Ku Klux Klan, como a grande salvadora da sociedade americana.
Até que ponto Griffith acreditava realmente nisso não é possível saber. Mas em 1916 fez um filme como resposta às críticas chamado Intolerância (1916).
Vale lembrar que o filme é baseado em uma obra chamada The Clansman, de Thomas Dixon, que era, por si só, altamente racista. Fica a dúvida se O Nascimento De Uma Nação era tão fiel à obra literária ou se fazia parte do ponto de vista do diretor.
Fora este aspecto do filme, há uma série de inivações que o fazem como ponto inicial das grandes produções hollywoodianas: os primeiros close-ups faciais, a primeira trilha sonora orquestrada, cortes rápidos e câmeras em movimento. Vendo hoje, em 2009, o movimento de câmera parece completamente adequado às filmagens da nova safra de cinema (e dos antigos também que sofreram sua influência).
É um filme único, polêmico e, por vários aspectos, assustador.

domingo, 17 de maio de 2009

Noites Brancas


Noites Brancas (Le Notti Blanché)
Luchino Visconti - 1957
Maria Schell, Marcello Mastroianni e Jean Marais.

Noites Brancas, é um romance do escritor Fiódor Dostoiévski, que Visconti trouxe pro cinema. Não sou muito a favor de ver o filme e só depois ler o livro, mas foi o que aconteceu com Noites Brancas. Um filme que faz pensar sobre o que realmente vale a pena: permanecer com quem está ao seu lado em todos os momentos ou negar tudo e arriscar um romance com um "desconhecido".
Mario (Marcello Mastroianni) se apaixona por Nathália (Maria Schell), que por sua vez, está apaixonada pelo estranho que fica hospedado em sua pensão (Jean Marais). Em nenhum momento do filme é mencionado o seu nome, o que nos dá a idéia de como era a relação da moça com ele.
Mais do que um triângulo amoroso qualquer de um filme de romance, o caso dos três é incomum pois não há rivalidade explícita entre Mario e o Inquilino, a não ser por Mario se apaixonado por Maria. Não há encontro em que os dois briguem pelo amor da moça. Mas a confusão mental de Nathália já faz este papel.
O filme mostra os dois lados do amor: o presente e aquele em que não existe o contato diariamente. Um momento que me chamou atenção foi a conversa de Nathália e Mario sobre o que é a fantasia e como nós deixamos que ela entre e faça parte da nossa vida.
Vale a pena assistir o filme porque além de ser conquistador, tem um lindo cenário e uma bela fotografia.